Notícias
Fazenda Destaque do semiárido
Em pleno semiárido brasileiro, a Fazenda Carnaúba, localizada no município de Taperoá, distante 240 quilômetros de João Pessoa, no estado de Paraíba, é administrada pela tradicional família Dantas Vilar. Após nove gerações à frente do negócio, ela ainda produz variedades especiais feitas com leite de cabras nativas.
A produção de queijos com leite de cabras foi a saída encontrada pela Fazenda Carnaúba para enfrentar, na década de 70, a dura seca do semiárido brasileiro, uma das regiões mais áridas do Brasil. O mais curioso dessa história é que tudo começou com a conquista de um prêmio literário. É que, em 1971, o escritor Ariano Suassuna lançou o romance “A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” e, com esse livro ganhou o Prêmio Nacional de Ficção, conferido pelo Ministério da Educação e Cultura. Com o dinheiro da premiação, o dramaturgo decidiu, em parceria com seu primo, Manuelito (Manoel Dantas Vilar Filho), ambos proprietários da fazenda na época, comprar 200 cabras para iniciar a produção de queijos.
“Na época todos diziam que os dois eram loucos, pois parecia impossível produzir queijo com leite de cabra no semiárido brasileiro”, lembra Joaquim Pereira Dantas Vilar, que hoje está no comando de toda a produção e comercialização de queijos da fazenda ao lado de sua irmã Inês Pereira Dantas Vilar.
As raças da pecuária no semiárido
A propriedade Carnaúba conta com um rebanho formado por oito raças ovinas, são elas: Barriga Negra, Cariri, Morada Nova Pretas e Vermelhas, Jaguaribe, Cara Curta, Somalis e Santa Inês e mais dez caprinas: Parda Sertaneja, Moxotó, Graúna, Serrana Azul, Repartida, Canindé, Marota, Mucianas Pretas e Caobas, e Biritingas. Já o rebanho bovino é formado pelas raças: Zebu, Guzerá, Sindi e Curraleiro Pé Duro ou, como é conhecido em algumas regiões do Brasil, Pé Duro do Piauí.
Na fazenda, os animais convivem em perfeito equilíbrio. Cada espécie tem uma preferência por certo tipo de forragem, dessa forma, a flora é usada de maneira eficiente para atender às necessidades de todas as raças. “Os animais tiveram que se adaptar ao clima do semiárido brasileiro”, conta Joaquim. Para ele, o segredo para vir se destacando ao longo de tantos anos foi seguir à risca os ensinamentos do primo Ariano e do seu pai. “Fomos criados num ambiente riquíssimo de bons valores: produzir com qualidade e identidade”, reforça, demonstrando o que aprendeu com seu Manuelito.
O produtor tem o maior orgulho de estar à frente do laticínio Grupiara da Fazenda Carnaúba. “Produzir queijos no sertão possibilita vivermos aqui, sem necessidade de migrar para a cidade. Valorizar nosso mundo é uma obrigação que nos deixa felizes e realizados, ainda mais trabalhando no que gostamos e sabemos fazer”, diz Joaquim.
Fonte: Site PastoExtraordinário (Link)
« Voltar